quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Para um melhor resultado é necessário que exista a dor muscular?

Na pratica do exercício resistido existem dois tipos de “dores musculares”. A dor que é sentida durante o treinamento e aquela posterior ao treinamento, mais conhecida como dor muscular tardia (DMT).
A dor muscular sentida durante o treinamento ocorre devido ao acúmulo de metabólitos, sendo o principal causador o lactato (acido lático) que é um subproduto da via metabólica mais utilizada na musculação, a glicólise (utilização do carboidrato). Esse subproduto provoca um aumento da acidez na célula muscular, que dificulta a tolerância a fadiga e sensação de queimação, por aumentar a concentração de íons de hidrogênio dentro da célula muscular. É importante salientar que o lactato produzido é um importante controlador da acidez celular, por carregar íons de hidrogênio em sua estrutura para fora da célula muscular. No entanto, existe uma tolerância em sua produção e remoção, e quando essa é excedida o seu efeito controlador é insuficiente causando assim a fadiga instantânea.
A dor muscular tardia (DMT) que pode ser sentida horas ou dia após o treinamento ocorre devido a liberação de prostaglandinas, histaminas e citocinas provenientes da resposta imunológica frente à inflamação gerada no tecido muscular, conhecidas como microlesões musculares. Essas citocinas sensibilizam os nociceptores (receptores da dor) aumentando a sua resposta, o sintoma da dor, que ao passar das horas pós-treinamento, alcança o seu ponto máximo entre 24, 48 ou 72 horas.  A partir de um certo ponto do treinamento o organismo propicia uma efeito protetor contra a DMT. Esse efeito esta relacionado ao aumento da massa muscular, melhor recrutamento dos músculos durante o exercício e uma resposta crônica do sistema imunológico provinda do sistema Monócito-Macrófago que pode perdurar por até 6 meses.
Para uma melhor resposta ao treinamento de força com o objetivo do aumento da massa muscular é necessária a instalação da dor muscular tardia, pois essa é um indicador do nível de estresse no tecido muscular que irá resultar numa nova resposta adaptativa, ou seja, o aumento da massa muscular. No entanto, essa dor pode ser cada vez menos vigorosa e mesmo sem o sintoma dela não quer dizer que não ocorra o ganho de massa muscular, mas sim uma grande adaptação protetora contra a inflamação crônica do músculo, possibilitando que as aplicações de carga durante o treinamento possam ser constantes e progressivas. Pelo fato da DMT diminuir a produção de força no músculo treinado. É sabido que para uma hipertrofia muscular eficiente é necessário respeitar o Principio da Sobrecarga, que deve ser progressiva e contínua aplicada no ápice do período de supercompensação.
A produção de lactato durante o treinamento que provoca a sensação de dor aguda é um importante sinalizador da síntese proteica através da cascata Akt/Mtor, responsavel pela hipertrofia muscular e desenvolvimento dos tecidos moles, tais como, ligamentos e tendões. Por tal fato, recuperações curtas de até 1 minuto também podem gerar estímulos para o aumento da massa muscular.
O treinamento resistido ou musculação deve ser sempre progressivo e periodizado para o alcance de um resultado mais rápido e eficiente. No entanto, é importante lembrar que a aplicação de cargas intensas durante períodos prolongados pode causar lesões severas no sistema músculo-esquelético, sendo assim, essencial equilibrar a recuperação com a intensidade de seu treino e manipular de forma criteriosa as variáveis do treinamento. Por isso é sempre necessário o acompanhamento de um profissional de Educação Física.
Livros: 
Fisiologia do Exercicio: Energia Nutrição e Desempenho humano (Mcardle & katch & Katch, 2005)
Musculação Perguntas e Respostas (Teixeira &Guedes, 2010)
Ciência do treinamento esportivo (Zakharov & Gomes, 2003)
Periodização : Teoria e Metodologia do Treinamento (Bompa, 2002)

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