quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Qual o Efeito do Treinamento Resistido ou Musculação na Pressão Arterial?

Em primeiro momento, precisamos entender alguns aspectos do Treinamento Resistido ou Musculação. Esse tipo de exercício vem sendo utilizado por profissionais da saúde para trabalhar principalmente o quesito força muscular. Existem algumas particularidades em relação a esse tipo de exercício. A principal esta associada à intensidade do exercício em paralelo com o objetivo do treinamento. Desse modo, exercícios realizados entre 40-50% de 1 RM, com grandes números de repetições ao longo de 30 segundos a 2 minutos e pausas curtas, objetivam o ganho de resistência muscular localizada. Entretanto, intensidades acima de 75% de 1 RM com poucas repetições (até 12) e pausas longas promovem um hipertrofia muscular mais evidente, podendo ser denominado de exercício de força/hipertrofia. Outro aspecto relevante é entender as distinções entre a contração dinâmica e estática. A contração dinâmica é caracterizada pela realização de tensão muscular associado com o movimento articular. A contração isométrica é caracterizada pela contração muscular sem alteração no comprimento da musculatura esquelética, ou seja, geração de tensão muscular sem movimento articular. Embora exista essa distinção didática, na prática a maioria dos exercícios é realizada pela combinação dessas duas formas.
A resposta aguda do sistema cardiovascular frente ao exercício dinâmica e isométrico possui distinções relevantes. No exercício dinâmico as adaptações cardiovasculares ocorrem devido ao aumento da atividade nervosa simpática e diminuição da resposta parassimpática, que respondem principalmente ao comando central em resposta ao mecanorreceptores musculares e articulares. Já em relação à hemodinâmica, o exercício dinâmico apresenta uma vasodilatação no músculo ativo provocando principalmente por metabólitos e oxido nítrico causando queda a resistência vascular periférica, resultando em aumento da pressão arterial sistólica e manutenção da diastólica. Já o exercício isométrico a ação mecânica promove o aumento da pressão intramuscular e comprime os vasos arterias dentro do músculo ativo. Dessa forma, ocorre o impedimento progressivo do fluxo sanguíneo com cargas de 15% de 1RM, sendo que em intensidade acima de 70% de 1 RM ocorre a oclusão vascular completa. Essa oclusão provoca o impedimento da saída de metabólitos (lactato, hidrogênio, fosfato, adenosina, potássio, e etc.) e o acúmulo desse no músculo ativo, estimulando os quimiorreceptores musculares a aumentar a resposta simpática, resultando no aumento da freqüência cardíaca e contratilidade do coração. As alterações neurais também influenciam na diminuição do retorno venoso e aumento da pós-carga não alterando o volume sistólico, podendo esse diminuir um pouco em alguns casos, mas a resistência vascular periférica aumenta expressivamente e consequentemente a pressão arterial sistólica e diastólica. Portanto, o exercício isométrico promove uma grande sobrecarga no sistema cardiovascular.
No treinamento resistido é observado que ao longo das repetições a pressão arterial aumenta expressivamente mostrando seus valores mais altos nas repetições finais da série de exercício. Os valores máximos atingidos podem ser entre 155/87 até 360/234 mmHg. Já a intensidade do treinamento também pode interferir na pressão arterial, sendo que intensidades maiores são responsáveis por um aumento mais evidente.  Vale salientar que independente da intensidade, caso ocorra à falha concêntrica do movimento os mesmos valores altos de pressão arterial são atingidos.
A massa muscular envolvida influencia na pressão arterial. Os exercícios de intensidades e repetições iguais com massas musculares distintas envolvidas demonstram que quanto maior a massa muscular maior são os valores de pressão arterial e freqüência cardíaca durante o exercício. Ainda em relação à intensidade, a manobra de Valsalva também incrementa resposta pressórica, sendo essa inevitável a partir de intensidades igual ou superior a 80% de 1 RM.
Outro aspecto importante é que exercícios resistidos têm como base a realização de séries consecutivas com pausas entre essas séries. Em pessoas hipertensas e cardiopatas, as pausas curtas não permitem que os níveis pressóricos se recuperem totalmente, propiciando um acréscimo subseqüente ainda maior da pressão arterial.
Vimos até agora a resposta agudo do treinamento resistido, mas qual será o efeito pós-treinamento resistido??

Referência:
NEGRÃO, C. E; BARRETO, A. C. P.: Cardiologia do Exercício: Do atleta ao cardiopata, 3° edição, Editora Manole, 2010.


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