Em primeiro momento, precisamos entender alguns aspectos do Treinamento Resistido ou Musculação. Esse tipo de exercício vem sendo utilizado por profissionais da saúde para trabalhar principalmente o quesito força muscular. Existem algumas particularidades em relação a esse tipo de exercício. A principal esta associada à intensidade do exercício em paralelo com o objetivo do treinamento. Desse modo, exercícios realizados entre 40-50% de 1 RM, com grandes números de repetições ao longo de 30 segundos a 2 minutos e pausas curtas, objetivam o ganho de resistência muscular localizada. Entretanto, intensidades acima de 75% de 1 RM com poucas repetições (até 12) e pausas longas promovem um hipertrofia muscular mais evidente, podendo ser denominado de exercício de força/hipertrofia. Outro aspecto relevante é entender as distinções entre a contração dinâmica e estática. A contração dinâmica é caracterizada pela realização de tensão muscular associado com o movimento articular. A contração isométrica é caracterizada pela contração muscular sem alteração no comprimento da musculatura esquelética, ou seja, geração de tensão muscular sem movimento articular. Embora exista essa distinção didática, na prática a maioria dos exercícios é realizada pela combinação dessas duas formas.
A resposta aguda do sistema cardiovascular frente ao exercício dinâmica e isométrico possui distinções relevantes. No exercício dinâmico as adaptações cardiovasculares ocorrem devido ao aumento da atividade nervosa simpática e diminuição da resposta parassimpática, que respondem principalmente ao comando central em resposta ao mecanorreceptores musculares e articulares. Já em relação à hemodinâmica, o exercício dinâmico apresenta uma vasodilatação no músculo ativo provocando principalmente por metabólitos e oxido nítrico causando queda a resistência vascular periférica, resultando em aumento da pressão arterial sistólica e manutenção da diastólica. Já o exercício isométrico a ação mecânica promove o aumento da pressão intramuscular e comprime os vasos arterias dentro do músculo ativo. Dessa forma, ocorre o impedimento progressivo do fluxo sanguíneo com cargas de 15% de 1RM, sendo que em intensidade acima de 70% de 1 RM ocorre a oclusão vascular completa. Essa oclusão provoca o impedimento da saída de metabólitos (lactato, hidrogênio, fosfato, adenosina, potássio, e etc.) e o acúmulo desse no músculo ativo, estimulando os quimiorreceptores musculares a aumentar a resposta simpática, resultando no aumento da freqüência cardíaca e contratilidade do coração. As alterações neurais também influenciam na diminuição do retorno venoso e aumento da pós-carga não alterando o volume sistólico, podendo esse diminuir um pouco em alguns casos, mas a resistência vascular periférica aumenta expressivamente e consequentemente a pressão arterial sistólica e diastólica. Portanto, o exercício isométrico promove uma grande sobrecarga no sistema cardiovascular.
No treinamento resistido é observado que ao longo das repetições a pressão arterial aumenta expressivamente mostrando seus valores mais altos nas repetições finais da série de exercício. Os valores máximos atingidos podem ser entre 155/87 até 360/234 mmHg. Já a intensidade do treinamento também pode interferir na pressão arterial, sendo que intensidades maiores são responsáveis por um aumento mais evidente. Vale salientar que independente da intensidade, caso ocorra à falha concêntrica do movimento os mesmos valores altos de pressão arterial são atingidos.
A massa muscular envolvida influencia na pressão arterial. Os exercícios de intensidades e repetições iguais com massas musculares distintas envolvidas demonstram que quanto maior a massa muscular maior são os valores de pressão arterial e freqüência cardíaca durante o exercício. Ainda em relação à intensidade, a manobra de Valsalva também incrementa resposta pressórica, sendo essa inevitável a partir de intensidades igual ou superior a 80% de 1 RM.
Outro aspecto importante é que exercícios resistidos têm como base a realização de séries consecutivas com pausas entre essas séries. Em pessoas hipertensas e cardiopatas, as pausas curtas não permitem que os níveis pressóricos se recuperem totalmente, propiciando um acréscimo subseqüente ainda maior da pressão arterial.
Vimos até agora a resposta agudo do treinamento resistido, mas qual será o efeito pós-treinamento resistido??
Referência:
NEGRÃO, C. E; BARRETO, A. C. P.: Cardiologia do Exercício: Do atleta ao cardiopata, 3° edição, Editora Manole, 2010.
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