quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Quais são as principais causas e tipos de Lesões do Aparelho Locomotor em Corredores?

Nos dias atuais o número de praticantes de atividade física amadora e recreacional aumenta de modo abrupto, sendo praticado tanto por crianças quanto por adultos. No entanto, o numero de lesões osteomioarticulares vem aumentando em uma proporção equivalente ao aumento da pratica de exercícios físicos.

A prática inadequada de exercícios físicos pode provocar lesões agudas ou crônicas. A lesão aguda é caracterizada por um trauma único, que gera luxações, fraturas e contusões. A lesão crônica ou lesões por overuse, tais como, fratura por estresse, síndrome compartimentais e tendinopatias são alguns dos exemplos desse tipo de lesão. As lesões por overuse acometem 50% dos adultos atletas e 22% dos atletas infatojuvenis e são resultado da aplicação de carga repetida sobre as estruturas ósseas, tendíneas e musculares que supera a capacidade fisiológica do conjunto osteomuscular.

A incidência dessas lesões varia de acordo com a modalidade praticada, a idade, o sexo, a habilidade e capacidade (grau de participação), posição de jogo, tipo de piso, entre outros.

O aparelho locomotor tem uma abrangente capacidade de se adaptar as cargas impostas durante o período de treinamento. Essas adaptações promovem o aumento da densidade óssea, hipertrofia muscular, aumento de fibras de colágeno no tendão e incremento da cartilagem articular, tornando essa mais espessa. Para que tais benefícios sejam vistos, existe um Limiar Fisiológico, mas se as aplicações de carga ultrapassar esse limiar o resultado será o comprometimento dessas estruturas.

As lesões podem ser provocadas por fatores extrínsecos, tais como, erros na aplicação de treino sendo que essa esta associada a 60% das causas de lesões na corrida. Esses erros estão ligados a aplicação inadequada das variáveis do treinamento (volume, intensidade e freqüência) em conjunto com uma periodização errônea. Alem dos erros de execução de movimento, ou seja, a técnica ou gesto esportivo e o não descanso de pelo menos um dia na semana de treinamento.

O calçado e a superfície de treino são fatores importantes, entre eles, a numeração do calçado deve permitir uma folga, pois o pé durante a atividade edemacia podendo provocar lesões no pé e formações de bolhas. O tipo de marcha também deve ser bem analisado para escolha do calçado, pois de acordo com o tipo de pisada (neutra, hiperpronada e hipopronada) é recomendado um tipo de calçado.

A superfície do treinamento é de suma importância. Já que alterações de terreno provocam uma aplicação de graus de impacto diferentes daquela que o conjunto osteomuscular estava adaptado.

Dentro dos fatores intrínsecos está a flexibilidade, pois uma redução de sua capacidade compromete o amortecimento do impacto, propiciando maior estresse no tendão e na articulação adjacente.

A força e balanceamento também são de grande importância. Existe uma relação de força balanceada entre os músculos agonistas e antagonista que promove um equilíbrio muscular e funcional. Se a prescrição de treinamento não obedecer a essa relação de equilíbrio haverá um maior risco de lesão, resultando na incapacidade do sistema muscular promover a estabilização das aplicações carga.

As variações atômicas e biomecânicas do individuo devem ser bem avaliadas para a prescrição do treinamento. Já que existem variações mais associadas às lesões, tais como, pés cavos, planos, hiperpronação, tíbia vara, joelho valgo, ângulo Q aumentado, principalmente em mulheres, desequilíbrio dos músculos agonistas e antagonistas, fraqueza muscular e discrepância do comprimento dos membros inferiores.

As lesões mais frequente em corredores são:

A tendinite patelar, conhecida como joelho de saltador. Sua evolução ocorre devido a uma desproporção da força excêntrica do mecanismo extensor do joelho, gerando uma maior sobre carga no tendão e diminuição do alongamento do quadríceps e isquiotibial.

A síndrome do Trato Iliotibial: os sintomas mais evidenciados são dor na região do terço inferior da lateral da coxa durante a atividade física. Isso ocorre devido a uma maior tensão na banda durante a corrida somada a um encurtamento da banda iliotibial, musculatura abdutora enfraquecida e pronacão do pé excessiva durante a corrida.

Tendinopatia Calcânea: é a tendinite mais comum em corredores. Os sintomas são dor no calcanhar durante a corrida e a deambulação. A dorsiflexão também pode exacerbar a dor. As causas mais comuns são pé cavo, complexo gastrocnemiossóleo encurtado e pronação excessiva.

Fascite Plantar: é a inflamação da banda formada por tecido conectivo na região plantar do pé. Sua principal Função é estabilizar o médio e antepé durante marcha. Seu principal sintoma é a “queimação” da região plantar durante a corrida e ao colocar os pés no chão pela manha.

Síndrome patelofemoral ou condromalácia: tem como característica principal dor na região retropatelar ou peripatelar, causa nos exercícios de flexão completa dos joelhos, na corrida e natação (estilos borboleta e peito). Sua maior prevalência é no sexo feminino em razão da biomecânica alterada dos membros inferiores aumentando a pressão da patela sobre o fêmur. 
Além de desequilíbrios musculares dos músculos que compõe o quadríceps e fraqueza de glúteo médio.

Portanto é de uma importância a pré-avaliação postural, a prescrição detalhada e bem elaborada do preparador físico em conjunto com outros profissionais da saúde.

Referencia Bibliográfica:

NEGRÃO, C. E; BARRETO, A. C. P.: Cardiologia do Exercício: Do atleta ao cardiopata, 3° edição, Editora Manole, 2010.



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